quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Vou ao Mcdonald´s porque é bom"

Os jovens de hoje em dia são clientes habituais desta cadeia de fast food. Quando se tenta perceber o porquê desta escolha, a resposta é comum e espontânea: “porque é bom.” Mesmo tendo consciência que se trata de alimentos sem grande teor nutritivo e muito ricos em gorduras e sal, nem por isso deixam de lá ir.
Muitos são aqueles que admitem optar por este tipo de comida simplesmente “porque sabe bem”. É o ideal “quando quero cometer um excesso”, apesar de “depois de comer sentir remorsos”, tanto pelas calorias como pelo mal que estes produtos ditos de plástico fazem ao organismo.
Coloca-se também a questão do bom atendimento e da rapidez. Aqui não há dúvidas. Se o objectivo é uma refeição de 15m, o Mcdonalds é o destino escolhido por excelência. Contudo, é preciso ter em conta que estas refeições acabam por ser mal digeridas, o que provoca mal-estar no organismo. As pessoas mastigam mal o hambúrguer e com a ajuda do refrigerante empurram a comida para o esófago, esquecendo-se que os alimentos não voltam a ser triturados, tendo que ser o aparelho digestivo a acabar todo o processo de digestão, o que provoca uma posterior situação de mal-estar.
Ao mesmo tempo, para serem rápidos na satisfação dos pedidos, por vezes, põem em causa a qualidade dos produtos. Não têm tanto cuidado na preparação dos alimentos, o que acaba por desiludir os clientes que quando abrem a caixa do hambúrguer desiludem-se com a apresentação e desabafam: “não foi isto que eu vi na televisão.”
Os consumidores referem o factor da combinação, em que o hambúrguer se faz acompanhar das batatas e do refrigerante, como atractivo. Neste aspecto, o investimento desta cadeia alimentar no sector da publicidade em muito contribui para influenciar os jovens. A todo o momento somos bombardeados com anúncios acerca de novos produtos, cada um com melhor aspecto que o anterior. Experimentar as novidades é inevitável, até mesmo irresistível.
Nas crianças, os anúncios da Mcdonalds despertam logo um interesse instantâneo. Obrigam os pais a levá-los a comer um Happymeal. Vêem logo a possibilidade de poderem variar na sua alimentação, ao mesmo tempo que visitam o Ronald Mcdonald. São também atraídos pelo brinquedo que vem com o hambúrguer e pela hipótese de poderem brincar no parque deste restaurante.
Da parte dos educadores, proporcionam este facto aos filhos para os ver felizes e alegam ser “só de vez em quando”. O problema é quando este “de vez em quando” se torna frequente sem que os pais se aperceberem. Em consequência do abuso destes alimentos surge uma das principais preocupações na saúde dos jovens… a obesidade.
Esta cadeia alimentar tem apresentado alternativas saudáveis para quem a visita. Temos os exemplos das sopas, das saladas e da fruta. Actualmente associa a fruta ao Happymeal para que as crianças percebam a importância deste alimento nutritivo. Contudo, todos sabem que quem se desloca a um estabelecimento deste tipo tem em vista uma refeição diferente da que tem em casa, logo nem sequer pensa em escolher as alternativas saudáveis.
Da parte da entidade, são frequentes as declarações de qualidade dos alimentos, recorrendo a tabelas de informação nutricional, com a quantidade de calorias por porção, assim como as proteínas, os hidratos de carbono, a gordura, as fibras, os ácidos gordos e os açucares paralelamente aos valores diários recomendados. Esta análise abrange todos os produtos, desde os pequenos-almoços ao menu principal e às sobremesas, passando pelos bolos e bebidas quentes, pelas saladas, sopas e bebidas refrigerantes.
São igualmente frequentes as demonstrações da confecção dos produtos. Estas consistem sobretudo em visitas de clientes às instalações com o intuito de confirmar as boas condições de higiene e o modo de conservação e preparação dos alimentos. Na maioria dos casos, os visitantes afirmam que a cozinha apresenta óptimas condições de higiene e de preparação dos produtos.
Um se não na escolha de uma refeição no Mcdonald´s é o preço. Alguns revelam que é a opção preferencial quando querem gastar pouco dinheiro. Já outros afirmam que “os preços são exorbitantes” e por isso não vão lá tantas vezes como gostariam porque a mesada ou semanada “não dá para tanto.” Muitas vezes aproveitam as promoções que surgem, com hambúrgueres a 1€. Neste caso é uma verdadeira tentação.

Público vs Multidão




A multidão apresenta-se como instável e momentânea; já o público é racional e impessoal.
Uma multidão é uma reunião de indivíduos, independentemente da sua nacionalidade, profissão, sexo ou mesmo factos que os reúnem. Pode ocorrer num dado momento, sob a influência de certas emoções violentas. Dispersa-se consoante se criam relações pessoais. A imprensa é aceite como o principal líder de opinião na formação das multidões.
O público assume-se como racional. Não exige relações pessoais (os indivíduos estão unidos em ideais); baseia-se num interesse comum em determinado assunto. A imprensa aqui é considerada como o impulsionador do público, pois suscita a produção de opiniões.
Com a formação de correntes de opinião, prevê-se uma tendência para a diminuição das multidões na sociedade.
“Podemos pertencer ao mesmo tempo a vários públicos, mas não podemos pertencer a mais do que uma multidão de uma vez só”1.
O público pode transformar-se numa multidão. Contudo, não é uma verdadeira multidão pois não existe contacto físico. É antes uma “multidão virtual”2.
Existem multidões violentas e destruidoras, assim como construtivas e altruístas. Os públicos igualam-se neste ponto.

1- Tarde, Gabriel, A Opinião e a Multidão, op. cit. pp.20
2- Tarde, Gabriel, A Opinião e a Multidão, op. cit. pp.19

Política e Comunicação Social

Actualmente, política e comunicação social são inseparáveis.
A comunicação social tem-se vindo a tornar parte integrante da actividade política.
A política recorre a estratégias de comunicação que passam pela realização de acontecimentos com o fim de atrair os jornalistas e, deste modo, os levarem a falar dos efeitos políticos.
Tudo isto é particularmente importante, uma vez que o público fala sobre o que os media abordam. Por outro lado, leva a uma enorme desproporção entre o que os cidadãos necessitam de saber e o que podem saber.
Há todo um conjunto de interesses convergentes entre políticos e jornalistas na organização de manifestações públicas: os jornalistas ganham a certeza de uma notícia excitante e as organizações conseguem o efeito “bola de neve”, pois os media anunciam, acompanham e amplificam o acontecimento.
Ao mesmo tempo, para se certificarem da credibilidade das notícias, os jornalistas cultivam relações com os políticos. Por sua vez, estes precisam dos media para fazerem chegar ao público as suas mensagens. Daí a necessidade dos políticos cultivarem igualmente relações com os media, e dedicarem mais tempo a expor as suas acções do que a reflectir e a decidir.
Contudo, existem conflitos entre jornalistas e políticos.
Como profissionais, os primeiros pretendem tomar as suas próprias decisões e receiam ser manipulados pelos políticos. Por seu turno, os segundos receiam que os jornalistas deturpem as suas mensagens ou as votem contra eles.
Apesar de tudo, política e comunicação social acabam por se complementar.
(fonte: jornalismo e elites de poder, Estrela Serrano)